LOUVRE

LOUVRE
Sonho!

segunda-feira, 28 de março de 2011

GRIOTS

II Colóquio Internacional de Culturas Africanas
De 25 a 27 de maio de 2011- UFRN
Incrições no site: www.ufrn/ufrn2/coloquioafricano

Eixos temáticos

1) Arte de Rua: Instalações, Grafites, Artes Plásticas, Zines, Quadrinhos etc;

2) A Mitologia dos Orixás: Terreiros de Candomblé;

3) Cinema Contemporâneo: Da diversidade étnico-racial, cultural, política, religiosa e sexual;

4) Diáspora, literaturas: afro-brasileira e afro-americana;

5) Geografias Literárias: Cartografias Culturais;

6) Linguagem, Carnavalização, Dialogismo;

7) Linguagem, Oralidade, Memória;

8) História e África;

9) Literatura e Filosofia: da condição “pós-moderna”;

10) Literatura e Semiótica: poéticas contemporâneas;

11) Literatura e Sociologia: Cenário de Violência contra a Mulher;

12) Novas Tecnologias, outras mídias, blogs, orkuts, jornais etc;

13) Quilombos - Quilombolas;

14) Performance, Música, Poesia;

15) Práticas Discursivas, Alteridades, Etnias, Gênero, Sexualidade;

16) Teatro e Dança;

17) Infância, violência, pós-colonialismo.


Inscrições para apresentação de trabalhos até 30/04

AMOR A POESIA

CELESTE


Eu fiz do Céu azul minha esperança
E dos astros dourados meu tesouro...
Imagina por que, doce criança,
Nas noites de luar meus sonhos douro!

Adivinha, se podes, quanto é mansa
A luz que bola sob um cílio de ouro.
E como é lindo um laço azul na trança
Embalsamada de um cabelo louro!

Imagina por que peço, na morte,
- Um esquife todo azul que me transporte,
Longe da terra, longe dos escolhos...

Imagina por que... mas, lírio santo!
Não digas a ninguém que eu amo tanto
A cor de teu cabelo e dos teus olhos!


Auta de Souza

domingo, 27 de março de 2011

A MEMÓRIA COMO FONTE DE RECONHECIMENTO PRODUZINDO UM SENTIMENTO DE IDENTIDADE.

O Indivíduo passa constantemente por transformações em seu eu, e isto é fruto da sua subjetividade e da sua capacidade de tentar encontrar os melhores métodos, para se enquadrar no meio social, bem como, se auto conhecer como sujeito de suas ações. A memória, nesse sentido, constrói um mundo de informações e de desejos de se tornar algo, ou seja, o sentimento de vir a ser, e isso o leva a um conflito com si mesmo e ao próprio estranhamento, e a partir desse momento é que passa a se conhecer ou se auto- avaliar como indivíduo capaz de reconhecer a si e aos outros. A memória e seu resgate nesse sentido se torna uma faca de dois gumes, porque mostra acontecimentos do passado a partir da realidade do indivíduo, se aproximando ao máximo dos fatos, ou, por outro lado, pode mostrar uma face mascarada, ou seja, mostrar o quer que os outros acreditem, e isso é interessante, pois remete a questão do silêncio, do medo de si mostrar como realmente é, e do receio do que os outros vão pensar. A seletividade da memória é justamente pensar em lembrar o que é naquele momento significativo, conveniente para quem lembra, tendo em vista que, antes de observar os aspectos da memória individual é importante percebê-la como coletiva, pois esta, sempre se manifestará em coletividade, independente de suas lembranças individuais, já que é a partir do que os outros percebem ou falam, ou lembram é que o sujeito manifesta a sua memória.
“Mas nossas lembranças permanecem coletivas, e elas nos são lembradas pelos outros, mesmo que se trate de acontecimentos nos quais só nós estivemos envolvidos, e com objetos que só nós vimos. É porque, em realidade, nunca estamos sós. Não é necessário que outros homens estejam lá, que se distingam materialmente de nós: porque temos sempre conosco e em nós uma quantidade de pessoas que não se confundem.” (Halbwacks,1990,p.26).


As lembranças nos permitem coletar as informações a que estamos mais próximos, pois nos da à possibilidade de criar e de armazenar acontecimentos a partir de uma realidade vivida e conseqüentemente estaremos estruturando um ser que gostaríamos de ser, e projetamos assim, um indivíduo capaz de isentar os erros, já que nesse momento podemos lembrar e relembrar o que é de nossa perspectiva e o que é importante ao nosso olhar. Outro aspecto determinante para essa busca memorialista é justamente os que estão envolvidos a esses eventos, indivíduos que direta ou indiretamente fazem parte desse espaço, e sempre estaremos nos relacionando com esses grupos sociais que nos fazem guardar momentos, por isso, que se fala que a memória é em sua totalidade coletiva, e até mesmo quando pensamos nela como algo delimitado, podemos observá-la de um ponto de vista mais geral, e isto quer dizer que estamos interagindo a todo o tempo com o outro, e com reflexos de acontecimentos presentes,
O indivíduo pensa muitas vezes que suas lembranças, são só suas, tendo um total afastamento dessas memórias coletivas, porém é importante perceber que sempre estaremos vinculados de alguma maneira a essas lembranças que se manifestam devido a nossa capacidade de viver em grupos sociais.

“Quanta vezes exprimimos então, com uma convicção que parece ser toda pessoal, reflexões tomadas de um jornal, de um livro, ou de uma conversa. Elas correspondem tão bem a nossa maneira de ver que nos espantaríamos descobrindo qual é o autor, e que não somos nós. (...). Der qualquer maneira, na medida que cedemos sem resistência a uma sugestão de fora, acreditamos pensar e sentir livremente. É assim que a maioria das influencias sociais que obedecemos com mais freqüência nos passam desapercebidos. Da mesma maneira, e talvez com mais razão ainda, quando no ponto de encontro de varias correntes de pensamento coletivo que se cruzam em nós se produz um desses estados complexos, onde queremos ver um acontecimento único, que não existirá a não ser para nós.” ( Halbwacks,1990,p.47).

Todo esse imaginário que nos cerca, de pensarmos que podemos em algum momento desfrutar de uma ideia só nossa, de reflexões que não tenham nenhum tipo de influencia externa, é algo que construímos com o objetivo de querer ser único, de querer construir uma identidade própria e a memória é primordial para essa construção, já que voltamos as nossas lembranças a todo um espaço e tempo idealizado por nossa mente, uma lembrança que colocamos como sendo apenas nossa, e a partir dessa ideia “A memória é um elemento essencial do que se costuma chamar de identidade, individual ou coletiva, cuja busca é uma das atividades fundamentais dos indivíduos e das sociedades de hoje”. (Le Goff,1990,p.476). Tanto a memória coletiva quanto a individual são fundamentais para nosso auto-reconhecimento, para que dessa forma possamos nos situar no espaço desejado, sendo este o momento em que queremos nos aperceber como sujeitos formadores de uma identidade subjetiva, com isso
“A identidade não pode se reduzir a um jogo de espelhos: representações de mim-mesmo suscitadas no outro, imagens que o sedutor se dá de si-mesmo graças aos movimentos que ele suscita no objeto seduzido. Ou, tentativa de refletir o outro, e o desejo do outro, tentativa de me tornar tão semelhante àquele que minha mãe fantasiava, que eu me transformo nele, alienando minha identidade (meu mim-mesmo). Isso equivale a dizer que há dois modos de alienação de mim no outro. O sentimento de identidade, então, está ausente ou é falso”. ( Berry,1991,p.104).

Nesse sentido, essa possível ausência de sentimento de Identidade, está relacionada ao que desejamos projetar, o que queremos ser a partir do olhar do outro, o que desejamos nos transformar para agradar aqueles que nós cercam e isso provoca uma retração de identidade de mim-mesmo, já que quero mostrar um ser que não faz parte da minha essência. Muitas vezes sentimos essa necessidade a de mostrar um ser que está fora do seu ambiente para se agrupar melhor ou simplesmente para não afastar aqueles a quem amamos. E nessa perspectiva, entra os jogos de espelhos citados por Berry, para que isso aconteça, usamos as representações que os outros gostariam que fizessem parte de nós, e assim nos afastando cada vez mais da nossa própria identidade.
É bem verdade que nesse espaço em que se manifestam as representações do indivíduo, são de modo geral, projeções para que os outros tenham vantagem de algum modo do “eu” que acaba de expressar a suas ações em prol do grupo, ou seja, se faz assim, para beneficiar a coletividade.